Gaara Hiden - CAPÍTULO UM

Olá, pessoal! É com todo prazer que o blog apresenta o primeiro capítulo de Gaara Hiden! O livro promete mais ação que Konoha Hiden, mas também toca nos assuntos pessoais do próprio Kazekage Gaara e seus irmãos, assim como alguns amigos da vila de Konoha O/


Boa leitura!
Tradução jap/ing por cacatua e tradução ing/port por CDCMandy

CAPÍTULO UM
Sunagakure

 “Gaara, você está aí?”
A porta abriu com um leve barulho, e uma única jovem kunoichi entrou.
Ela era uma mulher linda, seu cabelo da cor do mel o lembrava da areia do deserto brilhando debaixo do sol da manhã.
Não havia muitas pessoas na vila que conversavam com Gaara – que era, afinal, o Kazekage – de forma tão amigável e familiar. E, de todas as mulheres da vila, apenas essa mulher falava com ele tão naturalmente.
Essa mulher era Temari.
“O que aconteceu?” Gaara questionou, sentindo seus lábios antes tensos, relaxarem.
Quando sua irmã mais velha ia para o seu escritório sozinha, normalmente não era por nada muito importante. Se o assunto fosse sobre trabalho, Kankurou, seu irmão mais velho, a estaria acompanhando.
“Haha...”
Assim como ele havia presumido: Temari sentou-se para conversar com ele, mas tinha um sorriso grande e relaxado em sua face.
“Não é nada na verdade” Ela disse, “Eu recebi outra carta do Shikamaru”.
“Entendo”
“Ele diz que escreve por papel porque não confia na segurança dos correios virtuais ainda” Temari explicou. “É um método bem excêntrico e ultrapassado, mas ainda assim, ele usa por estar sendo cauteloso”.
Shikamaru era o noivo de sua irmã mais velha. Ele era um shinobi incrivelmente sutil e astuto que conheceram durante os Exames Chuunin de Konoha. Quando Temari o contou sobre a relação dela e de Shikamaru, ele ficou muito surpreso. Mas quando Gaara passou a informação para seu irmão Kankurou...
“Nah, tava na cara”.
“Você acha mesmo?”
Gaara ficou extremamente preocupado após aquela conversa, e até mesmo leu a história romântica de ‘Icha Icha Paradise’ para tentar entender os sinais que ele havia perdido. Mas, no fim do dia, ele concluiu que aqueles que não entendiam sobre tal assunto, continuariam a não entender.
 “Desenvolvimentos rápidos estão acontecendo no sistema criptográfico dos correios eletrônicos. Todos os detalhes estão inclusos no arquivo THX-1130 enviado pelo Raikage-“.
“Não, não é disso que estou falando”.
“... Não estávamos falando sobre correio eletrônico?”
“Ahhh...”Temari deixou escapar um suspiro exagerado, encolhendo os ombros. “Gaara eu me pergunto por que quando se trata de assuntos assim, você é tão ruim quanto Naruto de Konoha”.
“Eu disse algo errado?”
“Disse, realmente disse” O leque de Temari estava apontado para ele. “Quando uma mulher está falando sobre assuntos como este, ela prefere que você escute o que ela está dizendo sobre o conteúdo da carta. Entendeu?”
“Tem alguma emergência escrita na carta?”
“Não, por isso estou te dizendo...” Temari deu um sorriso cansado e uma expressão de desistência, ela não queria mais explicar os detalhes. “É a cerimônia, a cerimônia. A data da cerimônia”.
“Ahh...”
A data do casamento era, de fato, um dos problemas não resolvidos de Gaara, pendurado num quadro em sua mente. Temari era a irmã do Kazekage e, numa influência similar, seu futuro marido Shikamaru Nara era uma autoridade na vila de Konoha.
Ainda mais que política sempre estava envolvida em cerimônias como essa. Os detalhes da cerimônia não podiam ser decididos apenas pelos noivos. Se algum erro de julgamento fosse feito, mais de mil shinobis poderiam morrer.
Desde os tempos antigos, a relação entre Konoha e Suna sempre foi muito complexa.
Desde o começo, no tempo da criação dos cinco kages, Suna apenas sobrevivia, pois Konoha os havia dado um pedaço de terra fértil num tratado secreto entre as duas vilas.
Depois desse acontecimento era possível notar que as aldeias do sul de Suna tinham pego algumas partes da parcela de terra da aldeia do sul de Konoha. Até mesmo antes quando Gaara e Temari conheceram Naruto e Shikamaru de Konoha, eles estavam inclusos numa situação de esquemas e táticas políticas.
Mas, se você olhar apenas dessa forma, parece que Suna foi o único agressor. Entretanto, o mundo shinobi não era um lugar tão simples. A verdade era que Konoha também havia planejado incontáveis esquemas para desestabilizar Suna também. Por muitos anos, as vilas mantiveram as aparências de nações aliadas por fora, enquanto a tensão crescia por debaixo da fachada.
Foi precisamente por conta desse longo histórico que o casamento de sua irmã, Temari, filha do kazekage anterior, com o clã Nara de Konoha, tinha uma enorme significância política. Era um sinal claro de que as vilas não eram mais apenas aliadas, mas que havia uma verdadeira distensão entre elas.
Gaara disse, “Seria bom se o lado de Konoha dissesse que aprova nossos termos propostos para a data da cerimônia”.
“Você está sendo insensível” Temari retrucou, “Quanto você acha que eu e Shikamaru estamos pensando nesse assunto?”
“Seria bom se as pessoas encarregadas pela segurança também aprovassem”.
 “Não, você não está sendo fofo. Apenas seja honesto e diga que está com ciúmes”, Temari disse, inclinando-se e beliscando as bochechas de Gaara.
No passado, Gaara a teria matado imediatamente por ter feito algo assim. Agora, entretanto, ele não sentia a menor inclinação a fazê-lo. Na verdade, era o contrário: surpreendente, mas ele pensava que ter suas bochechas beliscadas por sua irmã mais velha não era ruim.
Ainda assim, Gaara não conseguia entender como sua relação com sua família era diferente da relação entre homem e mulher.
Tudo o que ele sabia era que: quando Gaara via sua irmã sorrindo tão largo que parecia que suas bochechas iriam quebrar, ou quando ele avistava o enorme sorriso que seu amigo próximo Naruto Uzumaki dava para Hinata Hyuuga, esse pensamento entrava em sua mente:
Algo a respeito disso é estranhamente diferente.
A mãe de Gaara havia morrido após o seu parto. Seu pai nunca casou novamente. Pensando nisso, Gaara imaginava que seria porque seu pai havia decidido permanecer fiel à sua mãe.
 “De qualquer forma, se a vila de Konoha aceitar as propostas, tudo ficará bem”, Gaara disse, levantando-se.
“Para onde você vai?”
“Os Anciões pediram por uma reunião sobre outro assunto. Se eu aparecer antes mesmo de me chamarem, o humor deles ficará melhor”.

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 “RUGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!”
Um vortex de areia se formava e rodava no meio de uma tempestade de areia, adquirindo um formato humano. É enorme! Kankurou pensou. Mesmo que fosse uma obra do seu inimigo, ele não conseguia evitar a admiração pela vista magnífica. O corpo em formação tinha que ter uns dez... não, 20 metros de altura. O tamanho de um edifício pequeno.
Seria uma coisa se ele houvesse invocado um animal espiritual tão grande, mas era incrivelmente raro para um shinobi ser capaz de se transformar para um tamanho tão gigante.
É diferente da técnica do clã Akimichi...! Kankurou pensou enquanto assistia. Eu acho que isso deve ser algo presente apenas em ninjas procurados de nível A!
“Kankurou-sama! Eu vou lidar com isso eu mesmo!”
“!”
Um dos subordinados de Kankurou, Amagi, havia disparado para o campo de batalha.
“O inimigo ainda não atacou!” Kankurou berrou, “É muito cedo para fazer algum ataque!”
 “Senhor, se esperarmos estaremos apenas dando tempo para que a força de ataque do inimigo aumente!”
Amagi era ainda muito jovem.
Ele havia concluído o Exame Chuunin aos 13 anos, e vindo para a tutela de Kankurou aos 15. Ele era de uma geração que não havia presenciado a batalha contra Kaguya. Amagi era um jovem garoto com feições andróginas, com seu cabelo castanho angelical que o fazia ser confundido com uma mulher.
“Estou indo!” Amagi gritou, e dez... não, vinte kozura voaram de suas mangas em direção ao inimigo. No mesmo instante, ele havia lançado também numerosas adagas.
Era uma performance artística das habilidades de Amagi, mas até mesmo Kankurou, como jounin, seria capaz de criar uma barreira a tempo de evitar as armas afiadas.
“UOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!” O gigante moveu o braço para evitar a rajada de projéteis.
Mas era isso que Amagi estava esperando.
“Te peguei!” Amagi gritou, e as kozuras que ele lançou repentinamente se juntaram como laços prateados. Eles mudaram o percurso em meio ao voo, evitando o braço do gigante e seguindo na direção do coração, caindo como uma chuva de meteoros.
Ah, então ele usou linhas de chacra, Kankurou pensou.
Era uma especialidade dos shinobis de Suna usar o chacra para transformá-lo em linhas que podiam controlar marionetes. Mas usar linhas de chacras para controlar a direção das kozuras, como uma técnica de reastreamento, era uma técnica original de Amagi.
Mas, como eu disse: ele ainda é jovem.
“RUOOOOOOOOOOO!” O gigante rugiu, reunindo toda sua força.
“!”
Um raio.
Um raio pulsou do corpo do gigante e atingiu a área onde Kankurou e os outros shinobis estavam reunidos.
“Amagi!” Kankurou gritou.
Ele e os outros shinobis estavam bem. Apenas perderam o balanço pelo impacto do ataque. Mas Amagi não estava. Ele ainda estava conectado pelos fios de chacra em suas kozuras, e recebeu todo o choque do ataque. Amagi despencou como uma marionete sem as linhas.
 “Ah…”
As pessoas dizem que no momento em que você morre, dá para enxergar luzes brilhantes. Amagi imaginava que sua morte teria sido sob circunstâncias mais heroicas... Mas na realidade não parecia ter sido assim. Ele havia sobrevivido a incontáveis batalhas depois de sua primeira luta. Quem poderia imaginar que ele seria derrotado pelo seu próprio jutsu? Ele certamente não imaginava, e isso foi sua derrota.
Eu vou apenas morrer assim? O pensamento deixou Amagi desconcertado. Eu ainda... Eu ainda não fiz nada...
Ele sentia sua consciência escapar, caindo num abismo negro.
 “Ei” Alguém disse. Esse alguém estava o segurando, mantendo uma mão quente ao redor de Amagi.
“Ah...?”
Por um momento, Amagi pensou que a pessoa o segurando poderia ser sua mãe ou seu pai. Não era nada para se sentir envergonhado. Era um sentimento natural que todos no campo de batalha haviam tido ou sentiriam um dia.
“Então você está vivo, hein”.
Era Kankurou. Sua maquiagem kabuki no rosto como de costume, e seus olhos gentis na direção de Amagi.

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“É basicamente uma técnica de Liberação Magnética: Rajinga” Kankurou disse a Amagi. Ele havia confiado o jovem shinobi aos cuidados de um abrigo seguro. “Como o nome sugere, você usa poderes eletromagnéticos para absorver a massa ao seu redor, expandindo o seu corpo e tomando a forma de um gigante. Para resumir, é um jutsu que cria uma enorme forma humana feita de areia de ferro”.
Kankurou sabia que Amagi já havia escutando a explicação antes, mas ele estava explicando mais uma vez para ajudá-lo a recuperar seus sentidos. Shinobis eram pessoas especiais que constantemente estavam em missões de batalha, e recebiam variados tipos de treino. Não importava quanto sangue fosse derramado, o quanto eles temiam a morte, se eles escutassem novamente os detalhes de sua missão, eles instintivamente se acalmavam.
Kankurou não sabia se esse comportamento era uma benção da humanidade ou não. Tudo que ele sabia era que agora, ele não queria que o seu jovem subordinado morresse assustado em sua frente. Ele havia dado os primeiros socorros para parar a hemorragia.
“Ele realmente usa a liberação elétrica para expandir de tamanho, mas quando se trata de seu poder eletromagnético, é outro assunto”, Kankurou continuou. “O andar do gigante cria um efeito pizoelétrico onde o graffite subterrâneo é esmagado e uma descarga elétrica é liberada. Então, ele tira energia do mundo natural ao redor dele e usa isso ao invés de ficar limitado a suas próprias reservas”.
 “... Desculpe”, Amagi sussurrou, apertando firmemente a mão de Kankurou.
Parecia que a mente dele ainda estava um pouco confusa, mas Kankurou entendeu o motivo de sua desculpa. Os pensamentos de Amagi provavelmente estavam seguindo a linha de: Eu fiquei no caminho do shinobi que eu admiro. Qualquer um teria esse tipo de pensamento. Especialmente já que aquela havia sido sua primeira missão de nível A.
Bem, eu acho que a única pessoa que escapou ilesa de sua primeira missão de nível A foi o Gaara. Os pensamentos de Kankurou se desviaram para o seu irmão mais novo de semblante impassível. 

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A primeira míssão de nível A de Gaara, em outras palavras, a primeira missão que o põs contra shinobis de ranking jounin, foi quando ele ainda tinha 12 anos de idade. A missão havia acontecido logo após o término dos Exames Chuunin de Konoha, e com isso, o término da missão de extermínio de Konoha por Orochimaru.
Honestamente, considerando como um dos legendários Sannin, assim como alguns usuários de kekkei genkai, estava envolvido na missão de extermínio de Konoha, a missão por si só já poderia ser considerada como nível A.
Mas, tendo dito isso, naquele tempo Kankurou e seus irmãos pensavam que uma missão de nível A era apenas aquela que exigia algumas habilidades a mais.
Naquele tempo, Kankurou tinha catorze anos, e sua irmã mais velha, Temari, tinha quinze.
Pensando no incidente de Konoha agora, Kankurou se sentiu terrivelmente nostálgico. Àquele momento, no meio de uma luta, eles conheceram uma pessoa que era como um sol.
Naruto Uzumaki.

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 “Kankurou-sama, está vindo!”
A voz de um genin puxou Kankurou de suas próprias lembranças.
“Okay, atacaremos em breve”, Ele disse a Amagi. “Mas dessa vez, vamos seguir o plano, tudo bem?”
“... Sim”, Amagi estava cooperativo agora. Mesmo depois de pensar ter morrido no meio da missão, a criança prodígio tinha recuperado sua força.
O gigante coletor de eletricidade andou um passo em direção a eles, e Kankurou deliberadamente seguiu em direção ao inimigo. Numa luta de shinobi contra shinobi, saltar a expor a si mesmo era, a cada nove em dez vezes, uma tentativa de atrair o inimigo para si e mirar em seus pontos fracos.
Bem, pessoas como Gaara e Naruto Uzumaki eram exceções à regra, mas exceções eram exceções. Nesse caso, Kankurou estava seguindo para atrair o gigante em sua direção, e o inimigo naturalmente sabia disso. Mas, o gigante ainda assim seguiu para Kankurou. Cada pisada liberando um tremendo barulho. Parecia que o inimigo estava confiante a respeito de seu raijinga.
Isso parece familiar. Kankurou pensou. Ele estava se lembrando do seu irmão Gaara. Areia e eletromagnetos podem parecer diferentes, mas no fim das contas ambos usavam um jutsu de defesa absoluta. Eles protegiam seus corpos com uma armadura invencível, e simultaneamente usavam essa armadura como uma arma. Se qualquer diferença pudesse ser encontrada, seria como Gaara não usava seu jutsu de maneira exibicionista para tornar-se um enorme gigante.
Mas então, ser do tamanho de um gigante tinha suas vantagens além do óbvio.
Ele é rápido!
Num piscar de olhos, o gigante alcançou Kankurou.
Geralmente as pessoas esperam que coisas grandes se movam vagarosamente. Baleias ou dirigíveis, ou monstros como o Raisha ou Dez Caudas, coisas grandes tem a aparência de algo que vai mover-se lentamente. Mas isso era apenas uma ilusão de ótica.
Quando o único passo de uma criatura alcançava uma enorme distância, então essa criatura era rápida. Era algo que seria facilmente entendido se como exemplo usasse uma corrida entre um adulto e uma criança.
Seres grandes são rápidos.
Pensar que seres menores poderiam evitar seres maiores era apenas uma ilusão.
O gigante casualmente ergueu o pé sobre Kankurou. Só o solado do pé já era maior que o teto de uma casa pequena. Se algo assim conseguisse atingi-lo, seria esmagado em pedacinhos.
Tak, tak, tak.
Kankurou conseguiu sair do caminho da pisada três vezes seguidas quando o gigante tentou acertá-lo. Ele saltou mirando no joelho do ser maior com a intenção de escalá-lo até o rosto. Qualquer shinobi jounin poderia facilmente pular de andaimes como uma folha caindo de uma arvore. Mas as pernas do gigante estavam longe de ser andaimes ideais para que Kankurou pudesse subi-las.
Mas, o Raijinha não era o único jutsu do gigante.
Kankurou-sama! Amagi não conseguia gritar, mas o berro aterrorizado circulava sua mente.
 No instante que Kankurou tocou a superfície dos joelhos do gigante, o campo eletromagnético que estava movendo o gigante afetou-o também, e o seu corpo literalmente partiu-se em pedaços.
O gigante riu.
Cada parte de seu corpo era uma arma para ser usada contra outros. Aquela era sua defesa absoluta, melhor considerada como a estratégia ofensiva dessa defesa absoluta. Qualquer pessoa que o atacasse seria destruída em pedaços no instante que o tocasse.
O gigante provavelmente nunca havia provado a derrota em sua vida inteira.
Era foi por conta disso que Kankurou riu.
 “!”
Kankurou não surgiu imediatamente. Sua contínua existência foi apenas parcialmente entregue pelo som de sua risada. Quanto ao “Kankurou” que havia sido feito em pedaços, seus restos transformaram-se em numerosas lâminas que se lançaram para perfurar o corpo do gigante, um agudo som de “woosh” enquanto a areia de seu corpo era profanada.
No lugar do chão onde Kankurou deveria estar apenas sua capa preta era vista.
Era um truque bem simples.
O “Kankurou” que estava subindo pelos joelhos do giante era na verdade a marionette que o Kankurou de verdade carregava em suas costas. Ele trocou de lugar com a marionete no último minuto, mergulhando para debaixo da terra enquanto enviava o boneco na direção do gigante.
O truque em si era simples, mas o momentum impecável e o aproveitamento dos pontos fracos da psique humana eram originalidades do próprio Kankurou. Não era surpreendente que o inexperiente Amagi também houvesse sido enganado.
Amagi, e o gigante também. O gigante era tão alto que não conseguia observar atentamente o que estava acontecendo na altura dos seus pés. Isso havia criado um ponto cego.
“GAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUGHHHH!” O gigante berrava em seu grito de dor.
Do ângulo de Amagi, o gigante estava inutilmente enviando ondas eletromagnéticas através das linhas presas à marionete. Bem, isso era esperado. Considerando os gritos, o gigante estava sentindo dor.
“Ele não está sofrendo apenas por conta dos fragmentos”, Kankurou falava enquanto assistia o espetáculo.
Havia uma expressão satisfeita no rosto de Kankurou. Era a expressão de um mágico ao conseguir realizar perfeitamente um truque em frente à plateia. Ele estava falando do sistema de chacra do gigante.
A pedra angular do ninjutsu era o sistema de chacra que carregava a vida do ser através de suas vias. Kankurou havia enviado sem erro suas próprias linhas de chacra para o gigante no seu ataque. Ele tinha, resumidamente, transformado o gigante numa forma de marionete viva.
Claro, Kankurou não tinha nenhum jutsu como o byakugan que o permitia ver perfeitamente o sistema de chacra no corpo de seus oponentes. Mas, se você estudasse o suficiente, poderia facilmente enviar o chacra para invadir o sistema de chacra do inimigo, assim criando uma contracorrente de chacra e desarranjando o seu jutsu.
Incapaz de manter seu jutsu de Raijiga, o gigante caiu de joelhos.
Se ele fosse um shinobi experiente, ele seria capaz de levantar-se após alguns segundos. O seu oponente era definitivamente um shinobi com experiência, mas um bem azarado. No mesmo segundo que ele caiu, Kankurou enviou três outros chuunin para imobilizá-lo, e o gigante... ou melhor, o shinobi antes na forma de gigante, foi instantaneamente capturado.

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 “Raijinga Kajuura, terrorista de nível jounin de Ishigakure, você está preso”, Kankurou disse, e nem mesmo um segundo depois, as mãos e a boca do ninja fugitivo estavam cobertas de grilhões, para evitar qualquer tentativa de suicídio.
“Não vamos matá-lo, senhor?” Amagi perguntou. Ele tinha uma expressão aborrecida no rosto. “Ele matou três dos seus próprios discípulos. E no processo, dez cidadãos”.
“É mesmo?” Kankurou questionou.
Kankurou já havia passado da fase onde ficava assustado pelo número de mortes. Na guerra, mais de dezenas e milhares de shinobis morriam.
“Você quer matá-lo?” Ele perguntou a Amagi.
“Sim”.
“Tudo bem, então, pode matá-lo”, Kankurou disse, entregando uma kunai ao estudante. “Mas você só pode matá-lo se puder garantir que vai trazer os genins e cidadãos de volta a vida. Tudo bem? Pode fazer isso?”
“I-Isso...”
 “Se não conseguir fazer isso, então depois de matá-lo, você também deverá ser morto. Deixando de lado o que a vila desse idiota vai fazer com você depois que você matá-lo, um shinobi morto não pode dar de volta as técnicas secretas roubadas. Um shinobi morto é apenas um pedaço de carne inútil. Eu não preciso de um subordinado que diz coisas tão inúteis assim”.
“... Eu não vou matá-lo”.
“Imaginei”.
Amagi havia dado uma boa resposta. Se ele conseguisse sobreviver a mais algumas batalhas, definitivamente se tornaria um bom shinobi.
“Amagi”, Kankurou disse. “Depois de ouvir o que ele fez, eu também quero matá-lo”.
“... Capitão”.
 “Ele é um mercenário, e mesmo que só tenham nos informado o número de vítimas que ele matou recentemente, ele matou centenas de menininhas. Claro que ninguém quer deixá-lo viver”, Kankurou olhava para baixo onde seu prisioneiro estava. Os olhos de Kajuura estavam selados em caso de algum doujutsu. “Mas, se o matarmos por ódio, não seremos diferentes dele. Não podemos ser como ele”.
 “Shinobis são aqueles que resistem…” Amagi murmurou.
“Exatamente”, Kankurou disse e sorriu para o garoto. “Bem, vamos para casa! Vocês completaram uma missão de nível A perfeitamente hoje. É algo para ser celebrado! O cordeiro grelhado hoje é por minha conta!”
“OOOOOOOHH!” Os jovens shinobis comemoraram.

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 “… E agora eu vou falar sobre as estratégias usadas para a captura de Kajuura há três dias. A interrogação revelou que há uma organização antiga com ele. Nossa intenção é de fazer uma captura em massa daqui a alguns dias. A custódia de Kajuura será discutida entre os cinco kages”, Gaara terminou de ler o longo relatório que os anciões o entregaram.
O líder de Suna podia de fato der Gaara, mas as influências maiores vinham dos shinobis anciões da vila.
Os anciões eram um grupo de representantes de diversas tribos organizado pela vila, e Garra não podia decidir nada sem os consultá-los. As reuniões semanais para discutir relatórios eram na verdade ocasiões para um acordo entre as duas forças: Gaara e esse conselho.
 “Aham”, um dos anciões falou. “Como esperado do Kazekage. Nenhum de nós tem qualquer preocupação sobre essa decisão”.
Enquanto dizia isso, toda uma bancada de faces enrugadas assentiam em consentimento.
“Ah, e já que você mencionou...” Ebizou, o líder dos conselheiros, deu a Gaara um sorriso enorme.
“Até que enfim concordaram em alguma coisa!”, Naruto Uzumaki, amigo de Gaara, provavelmente diria. Ele também daria a língua, se o conhecia bem.
Mas Gaara não conseguia dizer nada do gênero.
Ele apenas pensou: “Como eu esperava”, e franziu levemente as sobrancelhas.
 “A partir de agora será apenas uma conversa amigável entre avôs e avós”, Ebizou continuou. “Certo, kazekage?”
“Sim”.
‘Conversa amigável’ nada.
De agora em diante os conselheiros discutiriam o verdadeiro motivo para a reunião. Cada relato feito por Gaara no conselho já era sabido por todos os anciões, era meramente burocrática aquela cerimônia. O fato de que esses anciões também estavam prestes a pedir um favor ‘pessoal’ de Gaara era apenas mais uma demonstração do verdadeiro poder comandando Suna.
Era absolutamente ridículo.
Certas vezes era sobre como algum neto genin estava tendo uma má sorte em missões e se eles poderiam ter uma palavrinha com o chuunin no comando da equipe. Algumas outras vezes eram sobre como a areia se acumulava nas estradas os atrapalhavam e se ele poderia ter uma conversa com o damyo a respeito disso.
Nesses casos, estavam apenas falando como pessoas de influência na vila.
Era até suportável.
O problema era quando eles começavam a falar como shinobis.
Por exemplo: “Meu jutsu realmente precisa de um cactus que aparece apenas uma vez em mil anos, mas estou em falta. Dizem que algumas farmácias no país da Neve tem esse tipo de cactus, então poderia enviar alguns ninjas mais jovens para buscar pra mim?”.
Outro exemplo: “Alguns shinobis de Amegakure roubaram um pergaminho secreto de nós. Não queremos levantar muitas suspeitas, então Kazekage, por favor, resolva isso com discrição”.
Mais um: “Diga que está expandindo as cotas financeiras pra ninjas médicos e dê uma vaguinha jounin especial pra alguns desenvolvedores de veneno da minha tribo”.
Tudo o que os conselheiros pediam de Gaara sempre tinham a ver com negócios ilegais ou favores pessoais. Antigamente ele escutava tudo com atenção, mas nos dias atuais ele apenas a retrucava ou ignorava as propostas. Se ele ouvisse tudo o que tinham a dizer, então sua posição como Kazekage, assim como sua posição entre os Kages das Cinco Vilas Shinobi, poderiam ser retiradas.
Eu me pergunto o que é dessa vez... Gaara pensou, enchendo o ponto central de chacra.
Não era algo para se brincar.
Shinobis experientes eram capazes de acumular chakra em suas vozes de forma que mudassem instantaneamente as intenções de qualquer um. Eram pessoas que podiam usar técnicas de hipnose ou paralisia mesmo em lugares tão simples como agora. Para shinobis, qualquer lugar de negociação não era muito diferente de um campo de batalha.
“Bem, Gaara”.
“Sim?”
“Você cresceu muito e já tem vinte anos, não é mesmo?”
“Sim...”
“Você evoluiu rapidamente”, Toujuurou disse de onde estava sentado, ao lado de Ebizou. “Como esperado de uma criança jinchuuriki, um shinobi prodígio chamado Gaara do Deserto...!”
Toojuurou riu alto.
A saúde de Ebizou estava enfraquecida ultimamente, e Toojuurou estava jurado como seu sucessor, o Segundo dos Conselheiros de Sunagakure. Havia passado alguns anos após sua aposentadoria como shinobi, e assim como esperado, seus músculos enfraqueceram, e seu cabelo estava branco e escasso. Mas, seu poder visionário não havia diminuído. O homem era quase uma pedra de força de vontade.
“Durante o Extermínio de Konoha aquele seu gênio difícil desapareceu, não foi mesmo? Hahaha, parece que até macacos podem cair de suas árvores’.
“É uma conversa embaraçosa”.
No passado, Gaara os mataria em apenas um reflex, mas sua personalidade atual não fazia a mínima questão. Ele agora sabia que o mundo era feito de interações como essa e era precisamente por conta disso que agora ele entendia como o amor de Naruto e de sua mãe podia existir.
Por conta disso, Gaara foi até capaz de curvar sua cabeça num pedido de desculpas.
Os anciões estão demorando muito com essa introdução... o que será que querem dizer?
Eles não pareciam ter nenhuma intenção de criticar seu trabalho como Kazekage.
Na verdade, o clima parecia relaxado, calmo. Provavelmente o assunto já havia sido discutido entre eles.
“Vinte anos é uma boa idade”.
“Entendi”.
“E é por conta disso, Gaara…” Ebizou balançou a cabeça e sorriu abertamente. O sorrido parecia o de uma criança. “Case-se”.
“Hu... ahn?”
Minha voz soa idiota. Gaara pensou consigo mesmo.
Ele sentiu como se tivesse sido atingindo num ponto cego. Parece que ele realmente tinha um ponto cego em sua consciência. Uma pessoa era incapaz de manter vigília em 360 graus, mas ainda assim ele conseguia dizer se um amigo estava se aproximando fora do seu campo de visão, ou se um gato estava brincando perto dos seus pés.
Isso era porque uma pessoa tinha consciência dos seus arredores e conseguia ‘ver’ o que estava fora de sua visão. Shinobis treinavam suas consciências usando até mesmo suas intuições, até que eles fossem aptos a sentir com seus seis sentidos. Ainda assim ter algo que você era incapaz de sentir apesar de toda essa consciência era fruto de algo inesperado, que não foi imaginado antes.
Se não fosse imaginado, não poderia ser visto, se não poderia ser visto, não poderia ser sentido.
Era um ponto cego em todos os sentidos. E Gaara foi pego totalmente desprevenido.
Se Ebizou fosse um usuário de genjutsu, Gaara teria morrido em batalha.
Suor escorria por suas costas. Uma pessoa comum teria estremecido, mas Gaara era um shinobi.
Eu ainda não treinei o suficiente.
“Com todo o respeito”, Gaara disse, “Por que eu?”
“Você não sabe?”
“... Isso tem algo a ver com minha irmã?”
“Sim”, Ebizou disse, “Escute bem. Nosso kasekage anterior teve três crianças: Temari, Kankurou e você, Gaara. Você que carregava o poder de uma jinchuuriki tornou-se então lazekage. Eu presumo que você esteja entendendo a importância da herança genética”.
“Sim...”
Muito do mundo shinobi era construído por genética.
Claro que isso não significava que shinobis com essa herança não pudessem ser ultrapassados por shinobis com talento. Por exemplo, o clã Sarutobi que era tão influente em Konohagakure e nunca teve nenhum outro Hokage no poder além do Terceiro. Mas, uma grande parte dos jutsus usados por shinobis eram herdados e, portanto, mantidos dentro do clã como garantia de prosperidade. E para isso, deveriam haver laços genéticos.
“Obviamente é apenas para preservar a existência do nome, então até mesmo uma criança adotada ou sobrinho irão servir. Mas no fim das contas, se não for sanguíneo, então as pessoas não aceitarão tão facilmente”.
“As raízes de Sunagakure vem de suas tribos. E essas tribos valorizam laços sanguíneos”.
 “…”
Gaara não tinha nada para retrucar as palavras do ancião. Se ele fosse descuidado, então seria imediatamente bombardeado com retóricas. Ele já conseguia imaginar o cenário, por isso permaneceu em silêncio. Como um neto obediente.
“Agora ao ponto principal… Temari está casando com o clã Nara de Konohagakure... e tudo bem. Nós também aceitamos”.
“Entretanto”, outro dos anciões interceptou, Ikanago, batendo seu leque contra os próprios joelhos. “Digamos que no futuro, uma inconveniência aconteça a você e a Kankurou. Digamos que Temari e Shikamaru Nara tiveram um filho na época. Nesse caso, essa criança seria o último laço sanguíneo do Kazekage”.
 “Eu entendo o que querem dizer”, Gaara disse, “Nessa caso, vocês teriam a necessidade de trazer a criança para a vila para proteger a herança do Kazekage, certo?”
Que palavras mais nojentas eu acabei de proferir. Gaara pensou.
Mesmo que ele próprio tivesse sido usado como uma ferramenta pelo seu pai, aqui estava ele falando sobre uma criança que sua irmã nem havia dado a luz ainda, e ao invés de estar hipoteticamente comemorando, estavam falando sobre usá-la para propósitos políticos. O cargo de político podia parecer grandioso e importante, mas também era frio e solitário.
“Mas se isso acontecesse”, Gaara continuou, “Então o clã Nara teria relações paternas com o Kazekage. Então, naturalmente, Konoha estaria profundamente ligada aos assuntos de Suna... E essa é a situação que vocês anciões temem. É isso, não estou certo?”.
 “Exatamente”.
“Mas se eu me casasse primeiro, então a tradição de casar o mais velho até o mais novo seria rompida. Primeiro vocês deveriam estar procurando uma noiva para meu irmão Kankurou”.
Gaara disse aquilo, mas não estava particularmente procurando uma forma de jogar o assunto para seu irmão mais velho. Kankurou tinha uma lábia que Gaara não tinha. Do tipo que era capaz de estar ao redor de jovens shinobis e escutar suas dificuldades, não Gaara.
Ele às vezes também queria ser capaz de fazer algo assim, mas quando tentava, nada parecia funcionar muito bem. Todos os shinobis o respeitavam demais e nem mesmo tentavam olhá-lo nos olhos.
“Claro que você não é Kankurou. Gaara, você é você. Eu também não sou Kankurou, ora”. Naruto havia dito alguma vez no passado, rindo. “Tipo, tem aqueles amigos que você sai e se diverte, mas também tem aqueles amigos que ficam do seu lado durante os tempos difíceis, aqueles que você é grato por ter. Gaara, pra mim você é definitivamente a segunda opção”.
Essas palavras podiam ter sido apenas de uma conversa normal com Naruto, mas para Gaara foram como uma salvação. Acima de tudo, Naruto pensava em Gaara como um amigo, e o fato de ele ter proferido o termo sem qualquer hesitação o fazia muito feliz. Mas Kankurou realmente era mais popular, e parecia a melhor opção. Sua performance relaxada como shinobi o fazia pensar isso.
“Também pensamos assim, mas Kankurou recusou”.
“... Oh”, Gaara respondeu após uma pausa. Ele abruptamente percebeu que Kankurou foi o que empurrou a situação para ele.
Não importa como você olhava pro assunto: Kankurou sempre foi muito esquivo. Mesmo que ele tivesse a mesma beleza de Gaara, ele escondia baixo da maquiagem.
Kankurou era o tipo de homem que odiava se amarrar a qualquer coisa. Quando Gaara e Toujuurou nomearam Kankurou como o líder da divisão Anti-Terrorista, eles tiveram dificuldades em fazê-lo aceitar.
“Ele disse que se casar enquanto o kazekage ainda não tivesse casado era um desrespeito e que deveríamos te casar primeiro. Seus motivos fizeram sentido”.
“Certamente”, Gaara murmurou.
“E isso não é tudo. Alguns dos damyos estão começando a criticar o fato de você ainda não ter se casado ou não ter um herdeiro”.
“Veja só, Gaara”, os olhos amarelados de Ebizou pareciam brilhar suavemente com simpatia. “Isso não é apenas sobre política e jinchuurikis. A vila te fez viver momentos ruins. Nós queremos te dar uma família. Queremos que você seja feliz. Sua felicidade será nossa homenagem àqueles que já partiram”.
 “…”
Gaara não tinha mais ressentimentos com seu pai. Esses antigos sentimentos haviam sido eliminados após seu segundo encontro com ele durante o jutsu Edo Tensei, porque ele descobriu que, mesmo que por pouco tempo, ele havia nascido sendo amado por alguém.
“Então é isso, Gaara. Todos na vila... não, provavelmente até seus amigos de outra vila também, querem isso para você”.
“Sua parceira já foi escolhida. Ela é uma boa moça”.
“Definitivamente, ela é”.
Eles até mesmo levaram uma fotografia. Estava claro que ele não conseguiria escapar dessa vez. Gritar e espernear defronte a morte eram comportamentos indignos para um shinobi. Um shinobi prestes a morrer deveria pensar em como continuar vivendo.
“... Eu entendo”. Gaara disse e curvou-se. Suor escorrendo de sua testa sem nem mesmo perceber.
Era apenas uma missão qualquer, mas com protocolo diferente.
“Eu respeitosamente aceito a proposta de um casamento”, Gaara disse. “Eu ficaria agradecido se pudessem marcar uma data e entrar em contato com o outro lado”.
Ele esforçou-se para dizer aquelas palavras.

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*Kozura- facas ligadas a bainhas de espadas, melhor visto do que explicado.
*Raijinga literalmente significa: “Deus do Raio”, mas o jutsu é frequentemente mencionado, então pareceu melhor interpretá-lo como apenas “raijinga’. 

Até o próximo cap! ;D Comentem! <3