Konoha Hiden - CAPÍTULO TRÊS (Parte 1)

O terceiro capítulo terá de ser dividido em duas partes, porque ele é IMEEEEEENSO e seria ruim para vocês lerem por aqui inteiro - ainda mais que provavelmente não cabe. Pois bem, desculpem a demora e aqui está mais um pouco de Konoha Hiden ;D Também fiquem atentos ao lançamento de Gaara Hiden esta semana!

Boa leitura!
Tradução jap/ing por cacatua e tradução ing/port por CDCMandy

CAPÍTULO TRÊS
(Parte 1)
Carne e Vapor!

As chamas brilhavam, tremendo e balançando de um lado ao outro.
Por que será que as pessoas acham relaxante observar ao fogo?
O pensamento curioso repentinamente adentrou a mente de Shikamaru.
Isso deve ter começado há gerações atrás, quando as pessoas ainda aguardavam o início da civilização. Naquela época, fogo era uma companhia constante.
O fogo iluminava as redondezas e afastava a escuridão à espreita. Protegia do frio e de invasões inimigas. Também era usado como sinalizador: para achar a localização dos aliados e o caminho para casa.
Anos e anos desse estilo de vida haviam sido cravados na genética do ser humano, e agora foi passado para ele próprio, Shikamaru. Talvez por isso, agora sentado em frente das chamas, ele se sentia tão tranquilo.
Esse sentimento foi passado como a Vontade do Fogo, de Konoha.
De pai para filho. De filho para neto. De estudante para aluno. De amigo para amigo.
Todas essas pessoas estavam relacionadas por esse sentimento. Conectadas.
Talvez essa vontade do fogo tenha começado como uma chama fraca que poderia ser apagada a qualquer momento.
Mas mesmo assim, ela não desapareceu. Mesmo agora ela era passada de geração a geração e ainda brilhava intensamente.
Foram essas conexões que fizeram a luz da chama tão relaxante. Não importa quanto tempo passasse, todas as células de seu corpo estavam cravadas com as memórias daqueles que vieram antes, e encontravam o descanso nas chamas trêmulas.
Os seres humanos usavam o fogo para cozinhar e sentavam ao redor das chamas, observando-as enquanto comiam. Antes que sequer pudessem perceber, estavam reunidos em grupos familiares nas primeiras tradições.
Antigamente e até mesmo agora, era um hábito que não havia mudado. Na verdade, naquele exato momento, mesmo Shikamaru estava sentado em frente ao fogo compartilhando uma refeição com seu melhor amigo, Chouji Akimichi.
Conversa. Risadas. O som dos talheres batendo. E sobretudo, o som da carne estalando ao ser assada.
Yakiniku Q.
Era o principal ponto de encontro para Shimakaru e todo o resto do Rookie 9.
Quando se imagina churrascarias assim, há de se pensar que só estariam cheias pela noite e nada movimentada durante o dia. Yakiniku Q era uma exceção, sempre cheia fosse dia ou noite. A refeição era barata, e ainda mais, de alta qualidade, então naturalmente era um lugar bem popular.
E isso significava naquele momento, em pleno horário de almoço, Yakiniku Q não era muito diferente de um campo de batalha.
Pedidos estavam sendo feitos por todas as mesas, mais cerveja ou mais chá, ou mais talheres, todos atendidos pelos garçons apressados. Eles perambulavam pelo restaurante circulando os clientes com rapidez. A churrascaria estava agitada.
Shikamaru assistia de longe o estado frenético dos garçons enquanto punha um pedaço de carne na boca.
O vermelho intenso da carne parecia brilhar, a gordura reluzindo por cima como uma pérola. Uma prova de que a carne estava fresca. O som delicioso do estalar da carne se misturava ao cheiro apetitoso circulando por todo o restaurante.
Shikamaru e Chouji então decidiram almoçar ali, no mesmo lugar de sempre.
A decisão tinha sido feita há apenas alguns momentos atrás.
Shikamaru seguia em direção ao mercado, para fazer algumas compras, e esbarrou em Chouji no meio do percurso. Ali mesmo, iniciaram uma conversa.
Então Chouji disse: “Está quase na hora do almoço, que tal almoçarmos juntos?”, e então foram parar no Yakiniku Q, onde estavam agora.
Shikamaru tinha a intenção de entrar em alguma loja rapidamente, comprar o que queria e sair na mesma velocidade, mas Chouji sempre dava um jeito de acabarem assim, do jeito que estavam.
“Um almoço rápido!”, ele dizia. Até parece. Chouji nunca sentava num restaurante sem se dedicar totalmente a comer tudo o que podia.
O pedaço de carne de Shikamaru estava começando a ficar bem assado e suculento. Ele o alcançou com os hashis e virou o outro lado na grelha. A parte de baixo estava maravilhosamente passada.
Se a carne assasse por muito tempo, ficaria muito dura, borrachenta. Tinha que ser observada atentamente para não passar do ponto.
A maioria das pessoas usava o instinto para assar seus pedaços de carne, mas um estudo recente havia provado que tais pessoas geralmente acabavam deixando a carne assar por tempo demais.
... Ou pelo menos foi o que Chouji disse enquanto conversava com Shikamaru.
Mas Chouji, logo no meio de sua crítica àqueles que assavam demais, comeu um pedaço de carne que parecia assado de menos.
Ele tinha uma tendência de comer a carne mais crua do que seria aconselhável. Shikamaru então decidiu que iria deixar a sua carne assar um pouco mais.
O pedaço dele parecia pronto na grelha. Mas no mesmo momento que Shikamaru estava alcançando a grelha com seus hashis, seu pedaço foi roubado diante de seus próprios olhos.
Chouji. Ele pegou o pedaço e enfiou na boca com uma expressão vocalizada de satisfação.
“Esse era... o meu pedaço...”
“Ahn? Ahhhh, desculpe Shikamaru, eu vi o pedaço assado e minhas mãos se moveram sozinhas...” Chouji parecia arrependido.
 “Bem, tranquilo. Tem muita carne ainda”
E pôs mais um pedaço de carne na grelha. Ele olhou para Chouji com um sorriso e disse:
“Melhor no estômago do que virando carvão na brasa, não é mesmo?”
Chouji sorriu de volta para o amigo e retornou o foco a mastigar o pedaço roubado em sua boca, ocasionalmente adicionando um pouco de arroz.
“Essa carne é muito boa”, ele murmurou enquanto mastigava.
Shikamaru o encarou, se perguntando se Chouji havia notado a infelicidade do comentário.
“Assar carne com grelha de carvão é muito difícil pra amadores” Chouji continuou. “Então se você quer assar muita carne e comer muita carne, as grelhas movidas a gás são as melhores. A churrascaria escolheu um ótimo método”.
Pois é, Chouji não tinha notado mesmo. O seu comentário tinha sido apenas sobre o bom método da churrascaria.
Enquanto ele falava, engolia mais arroz. Àquela altura o pote de arroz iria ficar vazio muito rápido.
Em algum momento Shikamaru conseguiu chamar a atenção de um garçom apressado e pedir por mais uma porção de arroz.
Algo bom sobre o apetite imenso de Chouji era assistir. Assistí-lo comer de alguma forma fazia Shimakaru se sentir cheio, mesmo que não tivesse comido muito e mesmo que seu pedaço de carne tivesse sido roubado.
Era por conta disso que ele sempre acabava fazendo certeza de que Chouji estava comendo bem. No fim das contas, acabou dando seu segundo pedaço de carne para o amigo também.
Chouji manejou os hashis com destreza absurda e o pedaço desapareceu num piscar de olhos. Um por um, fileiras de carne quase cruas desapareceram dentro de sua boca.
Chouji parecia extremamente feliz depois de comer tanta carne. Ele estava ficando cada vez mais orgulhoso das suas proezas em rodízios.
Carne, arroz, carne, arroz, carne, carne, carne... Chouji comia sem parar, e enquanto Shikamaru assistia o espetáculo, ele concluiu que a expressão respeitável no rosto do amigo era uma impressão que o seu cavanhaque passava.
De uns tempos pra cá, a aparência de Chouji tinha mudado um pouco.
A primeira coisa que as pessoas olhavam quando viam Chouji era o cavanhaque. Não estava longo demais, nem nada assim, mas bem preservado e curto. Mas isso não era tudo. O cabelo de Chouji estava um pouco mais curto e elegantemente penteado para trás. Dava um ar de limpeza e elegância num sentido geral.
Sem sombra de dúvidas. Era a barba. Quando combinada com o cabelo dele e todas as outras mudanças, Chouji parecia um adulto respeitável, até mesmo pra Shikamaru que o conhecia por anos. Por isso Chouji tinha uma aparência mais digna mesmo comendo.
 “Talvez eu deva deixar crescer um cavanhaque também...” Shikamaru murmurou enquanto encostava-se à cadeira.
“Ahn? Por quê?” Chouji momentaneamente interrompeu sua comilança frenética.
Por mais que ele parecesse perdido na comida, Chouji sempre escutava atenciosamente tudo o que Shikamaru dizia. Shikamaru percebeu e continuou:
“Diferente de você, eu não mudei nada desde que era uma criança, não é verdade?” Ele disse, tocando o rabo-de-cavalo no topo da cabeça.
Shikamaru sempre usou esse estilo de cabelo, desde pequeno. Era um rabo-de-cavalo simples, o cabelo longo amarrado no topo da cabeça. Não é como se ele se preocupasse muito em manter o cabelo assim. Mas para alguém preguiçoso como ele, era o jeito mais fácil.
Se havia algo que ele era determinado, seria em manter sua aparência o mais simples e fácil possível.
Mas também não era como se ele estivesse determinado a manter as coisas mais fáceis a qualquer custo. Então também não se podia falar a mesma coisa da determinação dele em manter as coisas simples. As coisas só eram assim porque ele não se importava muito.
Shikamaru não conseguia entender como as pessoas faziam de tudo pela aparência, se preocupando tanto em escolher as roupas certas ou aparência certa. Ele pensava que os melhores tipos de roupa eram aqueles que se pode usar em qualquer hora, qualquer lugar, do tipo que permite fazer tudo confortavelmente, como assistir as nuvens ou cochilar.
Quando era menor, Shikamaru costumava pensar: “Se eu pudesse, gostaria de passar todos os dias sentado na frente do fogo assistindo as chamas”.
Uma criança assim era obviamente diferente das outras que se importavam mais com o que a sociedade ou mundo pensavam delas. Então não era exatamente uma surpresa ele não ligar pra roupas ou cabelo.
Mas ver como o seu melhor amigo de tantos anos estava parecendo um adulto tão respeitável deixou Shikamaru um tanto pensativo.
Shikamaru tornou-se chuunin bem jovem, e sucessivamente envolveu-se em vários trabalhos de administração da vila. Por exemplo, ele recebeu o cargo de supervisor no exame chuunin, e isso o fez comparecer a um grande número de reuniões, relações políticas, e naturalmente, em todas essas reuniões, ele estava cercado por pessoas mais velhas que ele.
Por conta dessa exposição a tarefas sérias tão cedo, Shikamaru sempre se pegava pensando: “Aja como um adulto” ou “Pense como um adulto”, ou “Você tem que ser convicto como um adulto seria”.
Shikamaru já tinha todas as características possíveis de um adulto, mas naquele momento ele simplesmente começou a se comparar: ele, que não havia mudado nada na aparência desde pequeno, e Chouji, que parecia maduro e respeitável. E isso resultou no seu comentário sobre deixar crescer um cavanhaque.
“Todo mundo diz que eu não mudei nada quando me veem...” Shikamaru resmungou, ainda comendo.
Chouji olhou para ele e pendeu a cabeça para o lado em confusão.
“Mas quando eles dizem isso devem pensar no seu cabelo, não?” Chouji pausou, olhando pro seu prato vazio. “Ahh, tiazinha, mais uma porção, por favor!”
Após fazer seu pedido, Chouji limpou a boca e olhou de volta para Shikamaru. “Na minha opinião você mudou muito desde antigamente”
“Sério?” Shikamaru perguntou. “Eu pareço um adulto?’
“Sim. Talvez porque você foi a tantas reuniões importantes da União Shinobi. Comparado a você antigamente, seu rosto mudou muito. Eu acho que você parece mais compenetrado e capaz agora. Eu que estou afirmando isso, então é verdade”.
Chouji tinha dado a ele seu selo de aprovação.
 “Agora que você disse, muita gente diz que eu pareço muito com meu pai”.
Talvez Shikamaru só não tenha percebido isso antes porque ele olhava pro seu próprio rosto no espelho todos os dias.
Ainda assim, ele não podia deixar de pensar que talvez um cavanhaque o fizesse parecer mais maduro...
Shikamaru pôs a mão em seu queixo barbeado e continuou a pensar sobre o assunto. Enquanto o fazia, o pedido de Chouji chegou à mesa.
Era um prato enorme, mas muitas pessoas ficariam horrorizadas em saber que aquela porção não era pros dois. Era toda para Chouji. Isso causava muita surpresa nos outros antigamente. Mas nos dias atuais os garçons e clientes regulares da churrascaria já estavam acostumados ao apetite de Chouji, então era algo relativamente normal.
Quando viemos aqui pela primeira vez, também pedimos essa porção enorme...
Os pensamentos de Shikamaru viajaram pra quando ele ainda era um genin.
O seu time estava celebrando a primeira missão – muito bem sucedida.
E desde então, depois de cada missão, eles iam ao Yakiniku Q.
Os quatro sentavam na mesma mesa e sempre cada um em seu mesmo lugar.
~
Ino estava gritando com Chouji.
“EI?!” Ela reclamou, “Chouji, você comeu o meu pedaço!”
“Cala a boca...” Shikamaru resmungava pelo barulho.
Péssima decisão. Ino imediatamente virou-se para Shikamaru com os olhos flamejando de raiva. “Como assim ‘ cala a boca’? É A MINHA CARNE! Então você tá dizendo que assar o meu pedaço?!”
Agora ele era o alvo da fúria. Aquilo era ridículo.
 “Como assim?” Shikamaru reclamou, pondo a carne na grelha. “Por que sou eu que vai ter que assar tudo de novo? Argh, que problemático...”
Por que as mulheres eram tão encrenqueiras? Shikamaru pensou enquanto virava as carnes.
Para começar, tinha a mulher mais próxima dele: a mãe. Ela era mais encrenqueira que as outras mulheres, num nível absurdo.
O que no mundo fez o pai dele olhar pra uma mulher tão assustadora e pensar: “Eu vou casar com ela”? Shikamaru não conseguia entender de jeito nenhum.
 “Está bom pra você?”
A carne estava quase no ponto. Com o comentário de Shikamaru, Ino alcançou o pedaço com os hashis, um ar de satisfação ao redor.
Mas o pedaço repentinamente desapareceu.
Não foi nenhum fantasma ou fenômeno sobrenatural. Foi Chouji. Ino então largou os hashis na mesa e começou a gritar:
“Foi de propósito, não foi?!” Ela berrou. “Você fez de propósito!”
 “Ah-Eu só- Eu vi a carne, aí...” Chouji gaguejava.
“Não ache que vai escapar dessa com desculpinhas vazias!”
Ino segurou Chouji pelo colar da camisa, ainda gritando. Estupefato como estava, ele não conseguiu largar da tigela ou dos hashis. Shikamaru resmugou que iria acabar grelhando a carne de todo mundo de novo de qualquer forma e começou a por mais carne na grelha.
Era uma cena comum para o time. Mas também...
Tinha uma pessoa assistindo alegremente.
Asuma.
~
Shikamaru voltou para o presente e olhou para o lugar onde Asuma costumava sentar.
Shikamaru, Chouji, Ino e Asuma. Os quatro tinham o hábito de comer naquela churrascaria depois de cada missão e sentar ao redor daquela mesma mesa.
Antigamente Shikamaru costumava pensar que seria assim para sempre.
Era absurdo pensar em todos jovens para sempre, mas de alguma forma, um Shikamaru mais jovem imaginava assim. Ele só não imaginava como ficaria adulto.
Mas o tempo passou para todos.
Ino ficou mais feminina. O apetite de Chouji não mudou nada, mas ele agora tinha um cavanhaque. Até Shikamaru tinha mudado sem perceber. E Asuma... não estava mais entre eles.
Os quatro não podiam mais se encontrar novamente.
Aquela churrascaria, aqueles mesmos lugares, tudo estava encharcado de lembranças daqueles tempos felizes que Shikamaru não podia reviver.
Foi por conta dessas lembranças que ele continuou indo à churrascaria, mesmo agora.
Toda vez que Shikamaru sentia o cheiro familiar da carne assando, ele podia jurar que o cheiro de tabaco estava circulando também.
Asuma era um adulto.
Sua barba sempre cheirava a tabaco por conta dos infinitos cigarros. Não importava a situação, ele sempre estava calmo. Calmo e tranquilo.
Asuma viajou por muitos lugares quando jovem, então ele tinha muito conhecimento, e suas habilidades como shinobi eram ainda melhores. Ele era como um pai, e também como um irmão mais velho. Ele sempre pagava a conta do churrasco para todo o time.
Parando pra pensar, ele sempre ficava meio pálido olhando o apetite voraz de Chouji, e freneticamente conferia a carteira para ter certeza que tinha o suficiente.
Hoje em dia, Shikamaru e os outros pagavam por suas próprias refeições, com o dinheiro que ganhavam eles mesmos.
Shikamaru se perguntava se ele tinha sido capaz de se tornar um adulto ao menos um pouco parecido com Asuma.
Shikamaru tomou o menu em mãos, virando as páginas e calculando quanto ele e Chouji teriam de pagar. Seria muito caro bancar Chouji sozinho. Se eles dividissem a quantia, então dava para pagar confortavelmente.
Ah, cara, eu devia comer um pouco mais enquanto posso…
Shikamaru observou Chouji comendo ferozmente, e pegou alguns pedaços para si mesmo.
“... chomp, chomp, chomp... Tiazinha, outra porção!” Chouji chamou, a boca cheia de chomp- não, er, de carne.
Chouji eventualmente parou de comer, por enquanto, pelo menos. Ele parecia satisfeito, engolindo um copo de chá de uma vez só. Quando tinha certeza que Chouji estava respirando de novo, Shikamaru disse:
 “Então, sobre aquela conversa de antes, o que você vai fazer?”
“Ahn? Sobremesa?”
A gente nem falou de sobremesa, Chouji.
“... Os presentes de casamento de Naruto e Hinata”.
“Ah, certo, isso”.
Shikamaru suspirou. Chouji tinha esquecido?
Em primeiro lugar, Shikamaru saiu de casa na intenção de comprar o presente de casamento. Ele esbarrou em Chouji por acidente, e então eles começaram a discutir o que deveriam dar como presente.
Shikamaru ainda estava indeciso no que daria como presente. Afinal, ele tinha que pensar em algo que Naruto e Hinata ambos gostariam de ganhar, e ele estava sem muitas ideias.
Ele não só não tinha muita experiência com presentes de casamentos, ele não tinha experiência em dar presentes num contexto geral.
Nesse caso, era melhor ele conversar com alguém que não negligenciaria frivolidades sociais como esta. Nessa linha de pensamento, era melhor ouvir a opinião de uma mulher. Portanto, ele decidiu visitar Ino.
Floricultura dos Yamanaka. Esse era o nome da floricultura que a família de Ino tinha.
Quando Shikamaru foi discutir o assunto com ela, Ino imediatamente começou a gabar-se por já ter escolhido o presente. Como esperado de Ino. Ela era muito bem informada quando se tratava do que estava na moda no cenário mundial.
Como esperado de alguém do meu time, Shikamaru pensou, e se sentiu aliviado.
“Sendo assim, acho que ficaria tudo bem se eu comprasse na mesma loja que você, certo?” Ele disse a Ino. “Pode me dizer onde é?”
“Ahn? Não vou te deixar me copiar, pode dar no pé”.
E então, mesmo que eles fossem companheiros que enfrentaram batalhas mortais juntos, Shikamaru foi imediatamente abandonado.
Depois disso...
“Desisto...” Shikamaru resmungou enquanto rodava pela vila, observando as lojas. Ele esbarrou em Chouji numa das interseções, e desde então estava no lugar de agora, Yakiniku Q.
Mas aparentemente Chouji tinha esquecido de tudo comendo churrasco. Até mesmo agora, ele estava tomando sorvete. Quando foi que ele pediu sorvete? Shikamaru nem tinha percebido. Chouji às vezes ia um pouco além da compreensão humana.
E honestamente, quando se tratava de procurar presentes, a opinião de Chouji não era tão confiável quanto a de Ino.
Entretanto, enquanto Shikamaru se preocupava com os presentes, Chouji parecia perfeitamente tranquilo.
“Na verdade, eu já sei mais ou menos o que vou dar...”
A resposta de Chouji foi tão inesperada que Shikamaru pulou em seu assento.
“Você sabe mesmo?! O que vai dar?!”
“Sim”, Chouji disse, pegando um pequeno pedado de papel retangular. “Eu vou dar isso aqui pra eles”
Chouji deslizou o item por cima da mesa e Shikamaru pegou antes que pudesse ficar molhado.
“Isso é...”
Shikamaru não conseguia acreditar. Era um vale-refeição para Ryotei, um dos restaurantes mais caros de Konoha.
 “Adultos jovens como nós geralmente não gostam de lugares assim”, Chouji disse, com um sorriso. “Mas já que é um presente de casamento, talvez dê certo”.
Era exatamente como Chouji disse. O restaurante era extremamente formal e extremamente caro, muitas pessoas como eles não iam lá. Mas um vale-refeição num lugar como aquele, como um presente de casamento, era brilhante.
Era uma chance para o casal ir a um lugar que não costumavam ir sempre, e era um presente de casamento bem pensado já que os dois noivos poderiam aproveitar. Não tinha como haver presente mais brilhante que aquele.
Mas enquanto era um presente maravilhoso, como Chouji conseguiu desistir de um vale-refeição como aquele?
Chouji, é você mesmo...? Você se tornou um adulto mais maduro do que eu pensei...
Shikamaru olhava para o ticket elegante em mãos e então para o rosto de Chouji enquanto este tomava alegremente o sorvete. Ele estava chocado.
Chouji continuou a tomar o sorvete sem perceber o olhar do amigo. Logo em seguida, começou a tomar outra porção.
“E veio numa boa hora” Chouji disse enquanto lambia o sorvete. “Essa refeição pra três pessoas...”.
No começo, Shikamaru não entendeu o significado das palavras de Chouji. Mais um tempo se passou e a ficha caiu. Uma gota de suor apareceu em sua testa.
“Você não tá pensando...” Shikamaru perguntou estranhamente, chocado com o entendimento. “Você não vai comer... com... eles, né...?”
Chouji o olhou e começou a rir. “Claro que não. Mesmo sendo eu, não sou capaz de interromper o encontro de dois recém-casados”.
“E-entendi... isso seria meio...”
 “Eu vou pedir ao dono pra comer em mesas separadas”.
“... Você tá falando sério?”
Sem pensar muito, Shikamaru olhou para o teto. O ventilador estava girando sem parar como sempre.
O ventilador de teto continuava a girar em silencio. Um paralelo a Chouji, que continuava a tomar o sorvete determinada, mas silenciosamente.
Em pouco tempo, o horário do almoço já havia terminado e os clientes na churrascaria começaram a ir embora. A paz havia retornado ao Yakiniku Q.
Escutando ao leve barulho do ventilador na agora quieta churrascaria, Shikamaru continuou a se preocupar com o presente.
Um vale-refeição de alta qualidade.
Esse foi o presente que Chouji havia preparado. Definitivamente não tinha nada ruim a respeito do presente.
Mas...
Mas enquanto não tinha um lado ruim, por que pra três pessoas? O restaurante Ryotei deveria ter pensado na frequência com a qual os casais iam sozinhos, querendo mais privacidade – amantes sem interrupções. O restaurante não tinha pensado nisso? Se era pra três pessoas, claro que pessoas como Chouji acabariam indo junto...!
Shikamaru criticava internamente as políticas de um restaurante que nunca foi com uma expressão de desgosto.
Na mente dele, ele imaginava Naruto e Hinata se arrumando um pouco mais para a chance de comer num restaurante refinado.
E então, na mesa de trás, Chouji. Pedindo uma segunda porção da comida enquanto observava atentamente os recém-casados.
... Isso funcionaria mesmo...?
Não, naquele momento, o presente de Chouji estava bom. Era um presente bem típico de Chouji de qualquer forma. Agora, o problema maior era o de Shikamaru, que não tinha pensado em nada. Ele tinha que devotar seus pensamentos a uma boa ideia de presente.
Shikamaru endireitou-se na cadeira, e silenciosamente fechou os olhos.
Toda vez que Shikamaru pensava demais sobre algo – por exemplo, o próximo movimento a ser dado em seu jogo favorito, shougi, ou uma estratégia complicada no meio de uma missão – ele tinha o hábito de sentar em uma posição específica. Ele não fazia de propósito. Acontecia naturalmente. Era a posição que o fazia se concentrar melhor.
Ainda assim, ninguém nunca esperaria que Shikamaru fosse assumir sua posição refletiva no meio da churrascaria Yakiniku Q. Nem ele mesmo esperava que tivesse que fazer algo assim.
Shikamaru concentrou seus pensamentos. Algo que fosse apropriado para um presente de casamento... algumas possibilidades e opções surgiram em sua mente.
Na primeira possibilidade, seria bom se o presente fosse algo prático e útil. Acessórios culinários ou conjuntos de panelas. Um bom presente seria algo que o casal ainda não tivesse.
Conjuntos de cozinha estavam populares, certo? Pares de tigelas para um casal eram boas opções.
Relógios, talvez, ou um porta-retrato para as fotos de casamento, também. Essas opções pareciam encaixar na média. Presentes que podiam servir de boas memórias para o casamento eram bons. Mas também tinham que ser presentes bons para os dois noivos.
De qualquer forma, ele não podia levar o mesmo presente que outra pessoa. Afinal, Ino tinha feito um escândalo pela sugestão de sequer comprar na mesma loja, então levar o mesmo presente que outra pessoa era logicamente tão ruim quanto, senão pior.
O casamento estava próximo, então talvez um grande buquê funcionasse como presente? Era algo bem típico de um casamento.
Também havia a opção de conseguir coisas relacionadas a culinária. Ingredientes de alta qualidade, como doces ou chá, esse tipo de presente seria bem recebido, não é? Mas então ficaria muito parecido com o vale-refeição de Chouji.
Mas não, sinceramente seria bom se ele desse um vale-presente ou algo parecido com o presente de Chouji, certo? Ele poderia conseguir um vale de uma loja de departamento. Ele só tinha que comprar coisas o suficiente para ele, e seria fácil escolher coisas que ele gostasse... Mas como ele teria dinheiro o suficiente para conseguir um vale-presente assim... O dinheiro estava... Estava...
Shikamaru abriu lentamente os olhos. Chouji ainda estava tomando sorvete.
O que fazer...
No fim das contas, uma palavra surgiu pragmaticamente em seus pensamentos: dinheiro.
Era um bom ponto de partida. Ao invés de comprar algo que o casal não usaria, ou algo parecido com o presente de outra pessoa, era bem melhor que ele desse dinheiro para gastarem em qualquer coisa que quisessem.
Mas também tinha o pensamento de como seria peculiar se todos dessem presentes a Naruto e a Hinata e então ele aparecesse com um: “Aqui está” e um envelope com dinheiro.
Já que se trata de mim, eles provavelmente pensariam que eu achei muito problemático sair às compras e recorri à dar dinheiro por preguiça, não é mesmo...?
Ele estava preocupado com essa possibilidade.
Na realidade, era provável que ninguém fosse pensar assim. Mas honestamente, dar dinheiro como presente era uma escolha de presente enfadonha. Parecia algo impessoal.
Estaria tudo bem se fosse para alguém que eu mal conhecesse, mas pra eles... Não seria legal, não é?
Shikamaru se preocupava sem fim. Similarmente, Chouji comia sem fim.
 “Você comeu muito” Shikamaru repentinamente notou as numerosas tigelas de sorvete empilhadas em frente a Chouji. “Não está com frio?”
“É uma sensação boa e refrescante depois de ter comido todo aquele churrasco. Ainda mais, eu sou o tipo de cara que compraria sorvete mesmo estando no País da Neve. Meu apetite não se perde no frio” Chouji sorriu para o amigo, e enquanto terminava sua última tigela, parecendo finalmente satisfeito. “Grochisousama*”.
Espera. Espera um pouco. Agora. Agora mesmo, algo relampejou dentro da mente de Shikamaru.
“Chouji... O que você disse?”
 “Ahn? Bem, eu disse “gochisousama…”
“Não, antes disso. Sobre viajar pelo País da Neve”.
“Ah, sim, eu disse que tomaria sorvete mesmo se eu estivesse viajando pelo País da Neve. Mas você sabe que era só um exemplo, né?”
“É isso.” Shikamaru parecia satisfeito apontando para Chouji. “Viajando. Uma viagem. Isso é bom, não é? Uma viagem pra lua-de-mel deles...!”
Shikamaru e Chouji deixaram o Yakiniku Q sem nenhum destino em particular. Eles estavam apenas andando por aí. Não importava se eles tinham ou não algum objetivo em mente. Shikamaru estava finalmente livre de suas preocupações sobre a escolha do presente.
“Entendi, você vai dar a Hinata e Naruto uma viagem de lua-de-mel como presente, certo?”
“Sim, Chouji. Graças a você, eu finalmente pensei numa boa ideia”.
Agora, tudo o que Shikamaru precisava fazer era escolher o destino da viagem. E então dar o presente uma vez que ele tivesse certeza que tudo estava de qualidade.
Ah. Ele teria que perguntar a opinião de uma mulher de novo, não é?
Onde é que ele acharia Ino? De acordo com o que ela havia dito quando ele a visitou mais cedo para pensar em um presente, ela provavelmente estava saindo para comprar o presente dela...
Enquanto Chouji e ele andavam pela vila, Shikamaru começou a procurar de relance as entradas das lojas.
“Está procurando por alguém, Shikamaru? Eu posso ajudar”.
“Sim, eu preciso de uma opinião feminina. Ino iria servir se ela estivesse por perto”.
Tendo dito isso, Konoha era uma vila enorme.
O fato de que Shikamaru e Chouji haviam conseguido se encontrar enquanto estavam andando por aí sem o mesmo destino em mente foi uma grande coincidência. Se eles agora conseguissem esbarrar com Ino, então seria uma coincidência sobre mais uma coincidência para todo o combo do time 10, Ino-Shika-Chou, estar reunido em apenas um lugar.
As chances de se esbarrarem uns com os outros sem nenhum tipo de aviso prévio eram, obviamente, de zero a nenhuma. Mesmo que um encontro coincidental entre amigos tivesse acontecido em uma peça ou filme, a audiência teria criticado severamente, chamando o acontecido de uma série de coincidências impossíveis.
Assim que o pensamento ocorreu a Shikamaru, Chouji murmurou:
“Oh, veja só quem está aqui”
“Você tá de brincadeira, né?!” A voz de Shikamaru subiu para um volume estridente em seu estado de surpresa.
O mundo real era verdadeiramente uma coisa incrível. Coincidências surpreendentes que pareciam sair de novelas, coisas como colegas de equipe se encontrando aleatoriamente, aconteciam a todo o momento.
Entretanto, a silhueta que cumprimentou Shikamaru depois de seu grito histérico de surpresa era uma coincidência que o faria mais chocado ainda. O ângulo pelo qual Shikamaru estava olhando o fazia enxergar a parte de trás de uma cabeça feminina. O seu cabelo não chegava aos joelhos como os de sua colega de equipe. O cabelo dessa mulher era um tanto curto e preso em dois rabos-de-cavalo a cada lado de sua cabeça. Era uma pessoa completamente diferente, e a visão dela fez os olhos de Shikamaru se arregalarem.
A mulher em frente deles era uma jounin de Sunagakure, vila aliada de Konoha... Temari.
Várias pessoas estavam sempre entrando e saindo de Konoha, não só shinobis de outras vilas como Temari. Haviam shinobis vindos para receber missões, shinobis voltando de missões, clientes dando novas missões, e uma enorme variedade de pessoas. Havia um fluxo contínuo de visitantes indo e voltando.
Mas é claro, isso não significava que qualquer um pudesse entrar. Aqueles que trabalhavam nos portões da vila estavam sempre de olho em pessoas suspeitas ou em objetos perigosos, inspecionando e investigando visitantes.
Temari, por exemplo, era uma shinobi de outra vila que carregava um enorme tessen em suas costas. Era sua escolha preferida de arma, um leque de guerra que a deixava criar um devastador tufão com apenas um balanço.
Mas por mais perigosa que a arma fosse, Temari era uma ninja de uma vila aliada, e havia anos de confiança e cooperação entre essa vila e Konoha, então ela naturalmente foi permitida a trazer seu tessen para os limites da cidade. Ela também passou facilmente pelas entrevistas para o visto da vila, e este havia sido emitido já há muito tempo.
Essa mesma Temari agora virou em direção ao grito surpreso de Shikamaru, e notou os dois amigos. Seus olhos encontraram os de Shikamaru.
“Quê, então foi você que gritou. O que você está fazendo?”
Shikamaru soltou um grito tão estridente por conta da coincidência de Chouji supostamente ter encontrado Ino.
Agora, ele fazia o melhor para responder a pergunta de Temari num tom sereno e tranquilo, apesar de sentir como se seu coração estivesse instável.
“A-ah, sim, a gente estava só almoçando e então... Bem, deixa pra lá, o que você...?”.
 “Eu estou andando de lá para cá dando meus cumprimentos antes das reuniões para os Exames Chuunin”.
“Exames Chuunin? Ainda falta um bom tempo para eles começarem, não?”
“Bem, você poderia dizer que este ano estamos tendo as reuniões sobre as reuniões”, Temari sorriu ironicamente. Ela tinha algumas tarefas trabalhosas para fazer.
Temari era a filha do Quarto Kazekage, e irmã mais velha do atual Quinto Kazekage. Ela era uma pessoa afiada e capaz que ajudava o irmão mais novo com suas capacidades crescentes em diplomacia com outras vilas. Como hoje, ela chegava e saía de Konoha para participar de reuniões de planejamento para os Exames Chuunin.
Shikamaru se aproximou um pouco mais de Chouji para que Temari não pudesse ouvir, e sussurrou em seu ouvido:
“Oi, Chouji! Por que você disse: “Olha quem tá aqui”? Eu pensei que era a Ino, então eu...”
 “Mas você disse que precisava de uma opinião feminina, então não faz muita diferença, certo...?”
“I-isso é tecnicamente verdade, mas...” Shikamaru olhou de relance para Temari.
Temari era a melhor usuária de vento em Sunagakure. Não, ela era provavelmente a melhor usuária de vento no mundo ninja inteira, e se não fosse, ao menos a segunda melhor. Ela se destacava por suas conquistas diplomáticas e criação de shinobis em áreas não combatentes, mas sua personalidade era militante. Ela era audaciosa e valente, e geralmente encaixava no campo de batalha com sua atitude agressiva.
Provavelmente por conta de sua personalidade ela encaixava tão bem na política, mas seria realmente tudo bem perguntar a Temari, uma mulher causava vendavais seguidos de mais vendavais para mandar o inimigo para longe no campo de batalha, a opinião dela sobre uma viagem de lua-de-mel para Naruto e Hinata? A personalidade dela era completamente diferente da de Hinata.
Temari tinha força de vontade e estava constantemente cuidando dos outros, e essas duas qualidades a faziam o mesmo tipo de mulher que a mãe de Shikamaru. Não era provável que ela fosse pensar em algo bom para alguém tão pacífico quanto Hinata.
Aliás, a personalidade de Ino também era diferente da de Hinata. Mas Ino havia sido colega de sala de Naruto e Hinata desde a infância, então a opinião dela parecia mais apurada e fácil.
Ino provavelmente daria de bom grado sua opinião sobre uma lua-de-mel para Naruto e Hinata. Ela era o tipo de pessoa que sabia a última moda e tal.
Mas a reação de Temari sobre ser questionada pela opinião, isso era algo que Shikamaru não conseguia imaginar.
 “Quê, uma lua-de-mel?” Temari disse com escárnio, seus olhos perdendo a gentileza. “Você está me perguntando algo bem trivial”.
Era a única reação que Shikamaru conseguia pensar.
“O que vocês estão aí cochicando?” Temari tinha um olhar de suspeita no rosto. “Vocês estão estranhos”.
Ele tinha que pensar rápido para consertar a situação, mas-
“Shikamaru quer te perguntar uma coisa”
Mas Choujiu agiu primeiro.
“Bem... você...” Shikamaru ficou afobado quando Temari o olhou.
Ele não podia dizer algo como: “não seria razoável se eu te perguntasse um planejamento de lua-de-mel, né?”. Não havia outra escolha senão ser franco sobre o assunto.
“Bem, isso, quero dizer...” Ele continuava gaguejando.
Por algum motivo, ele ficou tenso. Shikamaru sentiu-se estranhamente envergonhado. Ele não conseguia nem olhar Temari nos olhos. Finalmente, ele soltou:
 “… Eu tenho pensado sobre isso, mas, pra lua-de-mel, onde você acha que é bom?”
“Eh?!” Temari deixou sair um som estupefato.
“O quê?!” Surpreso com a reação dela, Shikamaru agora conseguia olhá-la no rosto, observando.
“Você-que-lu-lua-de-mel...?!”
Temari não conseguia olhar para ele.
Está vendo, ele estava certo, perguntar para ela tinha sido rude e ofensivo. Claro que Temari ficaria incomodada se ele pedisse por sua ajuda na escolha do presente de Naruto e Hinata. Mesmo Shikamaru se sentia incomodado com isso, e ele tinha sido colega de sala deles...
Ugh, Chouji, você não deveria ter se intrometido .Shikamaru encarou o homem com algumas ofensas presas na gargante. Chouji fingiu não perceber e desviou o olhar para uma vitrine de loja qualquer.
Enquanto fulminava Chouji com os olhos, Shikamaru tentou reverter a situação.
Já que o estrago já estava feito, ele bem que podia aproveitar e escutar a opinião.
“Desculpe”, Shimakaru se desculpou. “Eu sei que é inesperado, mas eu queria ouvir seus pensamentos”.
“Po-Por que perguntar isso pra-pra mim?” Temari parecia totalmente descrente e nervosa. Era perfeitamente compreensível.
“Bem, por que eu pensei que seria melhor pedir sua opinião...’
Bem, ele não podia exatamente dizer para ela que ‘qualquer pessoa serve contanto que seja mulher’ enquanto ela parecia seriamente considerar a proposta. Isso seria muito rude. Até mesmo Shikamaru sabia disso.
 “Acho que perguntar seria melhor…” Ela repetiu.
Por algum motivo, Temari olhava para baixo e se mexia inquieta. Shikamaru estava convencido de que era por estar incomodada com a pergunta. Isso não era bom. Àquela altura, não haveria progresso algum. Seria melhor oferecer a opinião dele primeiro.
“Eu acho que seria bom relaxar numa pousada de banho, mas o que você acha? Parece muito antiquada?”
“Parece... Parece bom...”
 “Certo, maravilha. Estou satisfeito. Uma pousada perto de piscinas naturais e uma boa comida seria o melhor, huh”.
Temari havia aprovado sua ideia. Shikamaru podia sentir todas as suas preocupações se esvaindo. Ele havia se preocupado a manhã inteira e agora ele finalmente poderia sorrir aliviado. Era um bom presente para Naruto e Hinata.
Temari, por outro lado, aparentava como se sua compostura estivesse conturbada.
“Não me diga que você ainda tem assuntos para tratar...?” Ele perguntou.
Era provavelmente isso. Temari tinha vindo em serviço, afinal. Ela estava provavelmente incomodada porque ele a ocupou com sua consulta de opinião.
“Ah, não, eu terminei por hoje... Estava prestes a ir para casa”.
“...?”
Ela não tinha nenhum compromisso para atender, mas parecia inquieta. Shikamaru inclinou a cabeça, confuso com a resposta. Temari estava agindo estranho. O que poderia estar causando isso...?
 “Seria bom conferir algumas pousadas de banho depois, certo?” Chouji sugeriu, e Shikamaru se distanciou dos pensamentos anteriores para se concentrar melhor no presente.
“Isso mesmo”, Shikamaru assentiu. “Seria melhor sair procurando o mais cedo possível”.
“Ainda é bem cedo, então mesmo indo hoje ainda iria dar certo, não é?”
“Sim. Provavelmente é o melhor a ser feito”
“Então”, Chouji disso, “Eu vou sair para comer alguns amendoins doces, daí vocês dois podem ir procurar”.
 “Eh?!” Shikamaru e Temari exclamaram ao mesmo tempo.
Nervoso, Shikamaru olhou para o amigo.
“Cho-Chouji...! Como assim você não vem...?!”
“Mmm, desculpe, Shikamaru, eu tenho que comer sobremesa depois das refeições”.
“Você já comeu!”
 “Eu tenho um espaço guardado pra sobremesa”
“É isso que eu estou te dizendo, você já comeu!”
Enquanto eles continuavam trocando respostas, Shikamaru olhou de relance para Temari. Ela provavelmente também estava brava com repentino ato egoísta de Chouji, porque seu rosto estava de um vermelho brilhante.
Oi, oi, oi, isso não é hora de brincadeiras. Chouji, mude de ideia. Não se pode deixar mulheres com raiva, sempre acaba sendo uma situação problemática, eu aprendi isso desde pequeno!
Shikamaru estava desesperadamente tentando comunicar suas implorações através do olhar, mas Chouji não parecia mudar de ideia.
“Você está procurando um lugar pra lua-de-mel, então é melhor que procurem vocês mesmos”.
Chouji disse com um sorriso enorme.
Fazia sentido demais para que Shikamaru pudesse retorquir. Qualquer um podia concordar que faria mais sentido que um homem e uma mulher procurassem uma pousada ao invés de dois homens. Dessa forma, você tinha a perspectiva de ambos o noivo e a noiva.
Mas naquele momento, com Temari reagindo de forma que Shikamaru não conseguia entender, e seu rosto tão vermelho com algo que parecia ser raiva, ir sozinho com ela seria...
Shikamaru sentiu a cor esvair-se de seu rosto.
“Bem, então, vejo vocês depois”, Chouji disse, começando a andar. “Estou saindo”.
“Ah...” Pelo tempo que Shikamaru conseguiu emitir algum som, era tarde demais.
Chouji meramente olhou sobre os ombros para o amigo, acenou com uma mão e então desapareceu em meio à multidão.
Shikamaru estava paralisado em um completo e enorme choque.
Por quê, Chouji...? Por que você tinha que desejar tanto amendoins doces...? Mesmo tendo tomado tanto sorvete, por quê...? Seu estômago não tem fim...?
Esses eram os pensamentos que passavam por sua mente dormente e surpresa.
Apesar de todas as ruas de Konoha estarem sempre movimentadas, o lugar onde Shikamaru e Temari estavam parecia estranhamente vazio. Parecia quase como se uma barreira houvesse sido criada ao redor deles. Ambos embalados em um denso silêncio.
Shimamaru estava assustado demais para sequer olhar Temari nos olhos.
“Uh...” Sua boca moveu-se contra sua própria vontade. “Como eu... O que você quer fazer...?”
Essas foram as palavras que saíram de sua boca.
Eu sou um idiota.
Mas então...
Shikamaru sentiu um puxão abrupto na manga de sua camisa.
“... Nós podemos ir”, Temari disse quietamente, sem olhar para ele.
Como o clima ficou assim?
Em pouco tempo, Shikamaru e Temari haviam chegado onde a cidade de casas de banho de Konoha ficavam.
Durante o percurso, eles não conversaram muito.
Shikamaru havia tentado iniciar uma conversa para ver como ela reagiria, mas as respostas de Temari eram curtas e poucas, e o clima desconfortável continuava entre eles.
Por que tem uma tensão tão esquisita...?

                                                                      

Uaaaaaau, shikatema <3 <3